Poesia: Richard Corey

O poema Richard Corey de Edwin Arlington Robinson. de 1869
Whenever Richard Cory went down town,    
We people on the pavement looked at him: 
He was a gentleman from sole to crown,    
Clean favored, and imperially slim.    
 And he was always quietly arrayed
 And he was always human when he talked
But still he fluttered pulses when he said,   
 "Good-morning," and he glittered when he walked.    
And he was rich—yes, richer than a king,    
And admirably schooled in every grace:
 In fine, we thought that he was everything    
To make us wish that we were in his place.    
So on we worked, and waited for the light,    
And went without the meat, and cursed the bread; 
And Richard Cory, one calm summer night,  
Went home and put a bullet through his head.
As traduções:

Tradução de Brenno Silveira


Richard Cory 

Quando Richard Cory is à cidade,
As pessoas na calçada se voltavam para ele;
Era, da cabeça aos pés, um cavalheiro,
Os traços nítidos, senhorialmente esbelto.

Sabia vestir-se, mas sem afetação,
Quando falava era sempre muito humano;
Todavia, o coração acelerava-se ao ouvi-lo dizer:”Bom dia!”
E ao andar dir-se-ia que tinha uma auréola.

Era rico, mais rico do que um rei
E admiravelmente destro em todas as artes;
Nós, enfim, não nos cansávamnos de supor
Que estar no seu lugar seria mais do que um sonho.

E assim trabalhávamos, aspirando a luz,
A maldizer o pão, vivendo quase à mingua,
E, numa, calma noite de estio, Richard Cory
Foi para casa e estourou os miolos.



 Tradução de Jorge Wanderley

Richard Cory


Quando Richard Cory vinha à cidade
Nós todos o olhávamos, nós gentios:
Era um completo senhor, na verdade,
Tão bem dotado, imperial e esguio.

Era discreta a roupa que escolhia
E era sempre humano quando falava;
Mas alterava os pulsos, seu “bom-dia”,
Ele esplendia quando caminhava.

Como um rei, era rico! E todo encanto,
Toda a virtude lhe era conhecida:
Para nós, em resumo, tinha tanto,
Que bem queríamos viver-lhe a vida.

Assim seguimos, maldizendo a pão
Como quem só deseja que amanheça
E Richard Cory, em noite de verão,
Matou-se com uma bala na cabeça. 


Composição Paul Simon (compor é traduzir também, a meu ver!!)

Richard Cory

They say that Richard Cory
Owns one half of this whole town
With political connections
To spread his wealth around
Born into society
A banker's only child
He had everything a man could want:
Power, grace, and style

But I work in his factory
And I curse the life I'm living
And I curse my poverty
And I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Richard Cory

The papers print his picture
Almost everywhere he goes
Richard Cory at the opera
Richard Cory at a show
And the rumor of his parties
And the orgies on his yacht!
Oh he surely must be happy
With everything he's got

But I, I work in his factory
And I curse the life I'm living
And I curse my poverty
And I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Richard Cory

He freely gave to charity
He had the common touch
And they were grateful for his patronage
And they thanked him very much
So my mind was filled with wonder
When the evening headlines read:
"Richard Cory went home last night
And put a bullet through his head"

But I, I work in his factory
And I curse the life I'm living
And I curse my poverty
And I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Oh I wish that I could be
Richard Cory

A nossa Tradução:

Essa tradução para o poema, foi feita durante minha Pós graduação, mais precisamente durante as explicações sobre "comunidades interpretativas" de Stanley Fish, tema esse que me encantou e também motivou a criação dessa versão para o poema. Minha intenção era, usando os critérios de Fish, aproximar o poema de uma linguagem usada em uma comunidade interpretativa específica, de modo a tornar-se acessível e "compreensível" para os falantes dessa determinada comunidade. É claro que durante a apresentação do poema, houve toda uma teatralidade , inserida para completar o, por assim dizer quadro comunicativo, usado durante a apresentação. Ficou quase como uma apresentação de um RAP (rithm and poetry) usando a poesia de Arlington como tema.
Meu colega e co-autor da poesia deu seu depoimento sobre nossa obra:
"Nas traduções do poema Richard Cory de Edward Arlington Robinson, podemos notar a gama de leituras possíveis em um mesmo texto poético. A interpretação realizada após cada leitura nos leva a tipos deferentes de tradução (poética, erudita ou popular), nos mostrando como é fascinante o mundo com o qual convive o tradutor.
O texto nos mostra como é possível transformar um poema estrangeiro e traze-lo para os mais variados contextos em um língua-alvo, a partir da interpretação obtida, devido à pluralidade de sentidos encontrada na poesia. Isso permite o acesso a trabalhos dos mais variados autores (e épocas) por uma diversidade cada vez maior de comunidades de falantes."  
 Juliano Costa
(Professor de língua estrangeira e tradutor) 

Mc Corey

Quando o Mc Corey, o dom, pintava lá na periferia,
Toda a galera olhava pra ele ali na via e dizia:
“Ò o cara, ta sempre becado no “estaile”, na categoria”.

Tinha uns pano maneiro, legal mesmo, tipo pra baile, que ele usava pra se vestir.
Era sempre gente fina, responsa, cumprimentava os manos, na esquina:
“Certo mano, só e aí??”

A galera se ligava.
Ele botava a maior moral, zoando com as minas, quando andava.

Meu!! E como o dom tinha grana, véio! Na real, barão mesmo, magnata viu!
Na lata, na boa, sentiu?
Tipo assim o cara era tudo de bom, saca?

Tanto que toda a galera, lá na comunidade, queria tá dentro daquela jaca,
Digo na pele dele, e não vivendo que nem os outros mano, tá ligado?

Tudo por aí , que nem babaca sofrendo adoidado.
Esperando o dia de amanhã pra continuar essa vida ingrata e fraca paca!

E assim a gente ia indo, né mano, sempre esperando uma hora, que o rapa apareça e que o pior aconteça!

Um dia, lá pelo meio do verão, meu... sinistro, nada faz com que eu me esqueça.

O cara botou duas azeitona na própria cabeça.

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